O segredo dos romances policiais

 


Autores nacionais contribuem para revitalizar gênero literário surgido no século XIX.

Em 1841, o mundo testemunhava o surgimento do gênero policial, impulsionado pelo crescimento industrial e o consequente aumento da criminalidade nas metrópoles. Naquele tempo, os jornais populares divulgavam casos reais e misteriosos, criando uma fascinante mistura de realidade e ficção.

Nesse contexto, surgem as histórias policiais, publicadas em revistas ou jornais, sob o formato de folhetim. Edgar Allan Poe é considerado o pai do romance policial moderno, inaugurando o gênero com "Os Crimes da Rua Morgue" (1841), publicado na revista Graham's Magazine. No Brasil, "O mysterio" (1920), de Coelho Neto, Afrânio Peixoto, Medeiros e Albuquerque e Viriato Corrêa, marcou o início da literatura policial nacional. Publicado primeiramente em folhetim, entre março a maio de 1920, devido à sua boa recepção, foi lançado em volume único pela editora de Monteiro Lobato.

Mas qual o segredo do fascínio exercido pelas histórias policiais? O que tem cativado tantos leitores em mais de um século e meio de história?

A resposta parece simples, mas é elementar, caro leitor: a literatura policial, com seus enigmas e a eterna luta entre o bem e o mal, tem a habilidade de em entreter, sem perder a conexão com a realidade, discutindo comportamentos e lançando um olhar crítico sobre a sociedade.

Para isso, os escritores lançam mão de inúmeras estratégias e ferramentas, como figuras de linguagem, recursos estilísticos, e técnicas narrativas, como o In Media Res, o Flashback, e o Deus Ex Machina, recursos que se transportaram, inclusive, para a tela dos cinemas.

"Com o In Media Res apresenta-se os conflitos da trama já no início da narrativa, funcionando como um estímulo que captura imediatamente a atenção do leitor. Essa técnica visa despertar a curiosidade e manter o interesse do público, mantendo-o envolvido até a revelação de novos elementos.", esclarece George dos Santos Pacheco, escritor friburguense conhecido por interessantes sequências de diálogos, narrativas não lineares e plot twists.

O sucesso da literatura policial se reflete em números: o faturamento com vendas de livros cresceu 7,22% no último ano, segundo o 3º Painel de Varejo de Livros do Sindicato Nacional dos Editores de Livro.

Autores brasileiros, como George dos Santos Pacheco, de "Perdido”, Luiz Biajoni, de “O Crime no Edifício Giallo”, e Raphael Montes, de "Bom Dia, Verônica", desempenham um papel fundamental na revitalização do gênero policial, ao lado de nomes consagrados como Luiz Alfredo Garcia-Roza, Rubem Fonseca e Tony Belloto.

X, o detetive friburguense

"Perdido", de George dos Santos Pacheco, apresenta o detetive X, um anti-herói carismático e complexo, envolvido em uma série de crimes que ocorrem em Nova Friburgo nos dias que antecedem a tragédia climática de 2011. Solitário, beberrão e mulherengo, frequentemente se envolve com prostitutas, vivendo no equilíbrio entre virtudes e defeitos da conduta moral. Com uma personalidade intensa e raciocínios surpreendentes, X se torna um personagem cativante.

Apresentado ao público em "O mundo é pequeno demais para nós dois", de 2020, X agora retorna na prequela “Perdido", que tem lançamento marcado para 02 de dezembro, em Nova Friburgo.

Segundo o autor, a inspiração para seu nome é o papel representado por Daniel Craig no filme Nem Tudo é o Que Parece”, de 2004, um homem cujo nome nunca é revelado.

Pacheco afirma que escrever sobre X é "tão gratificante quanto imaginar e criar essas histórias policiais em Nova Friburgo". O sucesso do personagem garantiu uma sequência em fase de revisão, ainda sem data de publicação.

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