Clássicos da Literatura: O macaco perante o juiz de direito


Andava um bando de macacos em troça, pulando de árvore em árvore, nas bordas de uma grota. Eis senão quando um deles vê no fundo uma onça que lá caíra. Os macacos se enternecem e resolvem salvá-la. Para isso, arrancaram cipós, emendaram-nos bem, amarraram a corda assim feita à cintura de cada um deles e atiraram uma das pontas à onça. Com o esforço reunido de todos, conseguiram içá-la e logo se desamarraram, fugindo. Um deles, porém, não pôde fazer a tempo e a onça segurou-o imediatamente.

- Compadre Macaco, disse ela, tenha paciência. Estou com fome e você vai fazer-me o favor de deixar-se comer.

O macaco rogou, instou, chorou; mas a onça parecia inflexível. Simão então lembrou que a demanda fosse resolvida pelo juiz de direito. Foram a ele; o macaco sempre agarrado pela onça. É juiz de direito entre os animais o jabuti, cujas audiências são dadas à borda dos rios, colocando-se ele em cima de uma pedra. Os dous chegaram e o macaco expôs as suas razões.

O jabuti ouviu-o e no fim ordenou:

- Bata palmas.

Apesar de seguro pela onça, o macaco pôde assim mesmo bater palmas. Chegou a vez da onça, que também expôs as suas razões e motivos. O juiz, como da primeira vez, determinou ao felino:

- Bata palmas.

A onça não teve remédio senão largar o macaco, que se escapou, e também o juiz, atirando-se n'água.

Lima Barreto

Pacheco também é cultura!

"Melhor é acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão." - Provérbio Chinês

http://www.revistapacheco.com/2014/12/a-revista-pacheco-quer-saber-o-que-voce.html

Comentários

  1. olá!meu nome é Francielly, e estou na 6ª série, e ates de ontem a minha profª de Português passou esse texto no quadro pra gente copiar, eu achei muito engraçada a história e também achei q ela tinha uma grande moral,achei ela engraçada pois ela é uma fábula, e em fábulas os animas falam q nem gente, os animais falando são em si engraçados.

    adorei a história, obg...

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  2. Essa história é uma das quais minha mãe escutava lá no interior do Ceará, contadas à beira da calçada pelo saudoso Tio José (figura ímpar), à luz de lamparinas. Pois bem, descobri as origens e eis o dono delas: Lima Barreto.

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